segunda-feira, 21 de setembro de 2015

VULCANISMO E ABALOS SÍSMICOS - O BRASIL NO CONJUNTO GEOTECTÔNICO DA AMÉRICA DO SUL


            É comum ouvir dizer que o Brasil não tem vulcões, nem sofre de grandes terremotos ou abalos sísmicos. Estes, no entanto, ocorrem com bastante frequência como reflexo e propagação dos abalos ocorridos em outros pontos do Continente, como o recente terremoto que atingiu o Chile. Há uma grande falha tectônica que se estende do norte do Chile até o litoral brasileiro; no percurso existem válvulas de escape das energias propagadas sob o solo, incluindo a cidade de São Paulo com várias  ramificações para o litoral; portanto todo o trajeto de propagação da onda sísmica irá refletir e fazer sentir com maior ou menor intensidade o tremor.  
Há vários registros de ocorrências de sismos no Brasil, todos de baixa intensidade. No dia 22 de Abril de 2008, por exemplo, um tremor de terra atingiu os Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro com intensidade de 5,2 na escala Richter. Esse sismo ocorreu no Oceano Atlântico, na área paulista da Bacia de Santos. Ficou conhecido como Sismo de São Vicente. Em 9 de dezembro de 2007 um terremoto de 4,9 graus (Richter) causou uma morte no município de Itacarambi (MG). É o primeiro tremor da história do Brasil que teve como resultado uma morte, 5 feridos e várias casas destruídas pelo sismo.

Vulcanismo é o fenômeno relacionado com o extravasamento de lavas ígneas na superfície terrestre e em qualquer astro do sistema Solar. Ele reflete as condições de pressão e temperatura no interior da Terra, em geral nos limites das placas tectônicas. Podem ocorrer também pontos quentes (hot spot) em algumas áreas internas de algumas placas tectônicas.

Sabe-se que ocorreu Vulcanismo em uma região através do que costumamos chamar de “relevos postiços”, pois o material ígneo que é expelido cria paisagens características. Temos vulcanismo de lavas mais diluídas que formam as “mesas” e os outros com entupimento do cone como é o caso do monte Pelado na Martinica; temos o fissural da Islândia, o tipo havaiano o estromboliano, etc.

Vulcão não é apenas  uma montanha que expele cinzas, gases e pedras, mas também de fendas e aberturas por onde escapam lavas como foi no caso dos derrames basálticos do Brasil meridional durante o mesozoico, quando também houve ocorrências em outras regiões como em  Poços de Caldas e Araxá (MG), Laje (SC), Itatiaia e Cabo Frio (RJ), etc. 
Na era Terciária, tivemos a formação das ilhas oceânicas de Trindade, Fernando de Noronha, e os Penedos de São Pedro e São Paulo.   
Na região Sul houve um dos maiores derrames basálticos do mundo, com uma área de 1 milhão de km², abrangendo o Estado de São Paulo até o do Rio Grande do Sul, e que podem ser observados na região de Torres, na formação das falésias basálticas. Os derrames basálticos que ocorreram no Planalto Meridional deram origem ao fértil solo “terra roxa”. A bacia Amazônica também foi afetada por atividades vulcânicas em algumas áreas. Ainda existem formas de relevo herdadas do passado geológico; estão relativamente preservadas sendo chamadas de "formas relíquias”.
Os atuais  movimentos tectônicos contribuem para destruir as antigas formações estruturais.                                                                                                                                                                            Ex. existem alguns relevos vulcânicos onde as lavas estão sendo desmanteladas pela ação climática. O modelado periglaciário da Bacia de Paris é igualmente uma sobrevivência. No Brasil, os pediplanos do terciário e os pedimentos do quaternário, soerguidos e dissecados visíveis em vários pontos da região Sul e do Sudeste, também exemplificam sobrevivências ou “formas-reliquia” a indicar influências morfogenéticas. O mesmo pode-se dizer do maciço vulcânico de Poços de Caldas, dentro da perspectiva estrutural. Mesmo no semi-árido Nordestino (Sertão) há visíveis evidencias de processos de formas originadas em períodos mais secos (áridos), e que a relativa umidade do clima vai apagando.
O Brasil está no centro de uma grande placa tectônica, a Placa Sul-Americana, portanto, afastado dos limites dessa placa. O limite leste da Placa Sul-Americana está posicionado no fundo do oceano Atlântico, próximo da metade da distância entre o Brasil e a África, enquanto que o limite oeste fica junto ao litoral oeste da América Latina. O distanciamento dos limites da Placa Sul-Americana é o motivo pelo qual não há vulcões ativos atualmente no Brasil.

 O BRASIL NO CONJUNTO GEOTECTÔNICO DA AMÉRICA DO SUL

O continente Americano do Sul apresenta três grandes domínios:
1- A Leste – a região Brasília-Goiânia com rochas pré-cambrianas com depósitos em bacias sedimentares do paleozoico e mesozoico com reduzido tectonismo. Desde o Siluriano sofre uma lenta e progressiva epirogênese (levantamento) com deformações locais por abaulamento e falhamentos.
2- Borda Ocidental da América do Sul – temos a Cordilheira dos Andes, levantamento do cenozoico nas regiões de geossinclinal mesozoica. A ela se associam os “Brasilands” também do cenozoico, porém sobre estruturas mais antigas do caledoniano e até pré-cambrianas.

3- Entre estes dois domínios estruturais temos a terceira região representada pelo pampa argentino, o chaco, as planícies do Beni-Mamoré e do Acre, os lhanos da Colômbia e da Venezuela. A borda ocidental dessa região tem sofrido abatimentos numa resposta ao levantamento andino, formando bacias marginais à faixa orogenética. Essa movimentação levou o Oceano Atlântico a invadir áreas do pampa (Mioceno superior), dando origem aos sedimentos quaternários da região. O Brasil ocupa área cratônica, porém se estende pelo Pantanal e bacia Amazônica ocidental. Somente o Acre sofreu os dobramentos andinos. Dois terços do território brasileiro são formados por rochas pré-cambrianas, consideradas Arqueozoicas.