quinta-feira, 16 de julho de 2015

NOSSAS CIDADES – PARA ONDE CAMINHAMOS > MEGALÓPOLES ONDE O CIDADÃO VIVE EM ‘ILHAS’ – CONDOMÍNIOS. Da Utopia à Realidade.


Os mega shoppings nas cidades já são um exemplo da concentração de atividades facilitando e gerando conforto às pessoas para realizarem  num mesmo local várias atividades. 

As cidades brasileiras, mesmo as que tiveram um planejamento inicial, cresceram de forma desorganizada cujas  consequências negativas se refletem na insalubridade  e degradação do meio e da qualidade de vida. A alta concentração de pessoas, por exemplo, no eixo Rio – São Paulo – Minas Gerais – criou uma situação conflituosa de ocupação de espaços sobrecarregando governos e governados.  E, os moradores ‘antigos’ tentam se defender da ‘invasão’ cada vez maior dos espaços públicos construindo grades de proteção contra o crescente numero de moradores de rua.

Estudam-se projetos de condomínios onde os moradores não precisariam sair de sua ‘ilha’, pois eles teriam à mão tudo o que necessitassem: moradia, trabalho, lazer, abastecimento, etc.
 No meu entender, o esvaziamento dos grandes centros seria a solução lógica, especialmente no Brasil onde temos espaços imensos à disposição.

Quem teria coragem de reordenar a ocupação do território nacional? – Após a construção de Brasília, na década de 1960/70 tentou-se uma descentralização com a abertura de fronteiras agrícolas e agrovilas que deram origem a novas cidades nas regiões Centro Oeste e Norte do País. O processo, no entanto, foi interrompido e hoje, principalmente as cidades do SE sofrem com a sobrecarga populacional agravada com políticas equivocadas  que levaram ao êxodo rural. O resultado foi a crescente  favelização, a falta de urbanização, sobrecarga no uso dos recursos hídricos e de energia, fatores que se agregam a outros problemas resultando em atos de  violência que assumem índices alarmantes.

E, por incrível que possa parecer, é para essas áreas que os migrantes nacionais e os imigrantes estrangeiros se dirigem preferencialmente. Falta uma política governamental que discipline o crescimento urbano onde há sobrecarga de pessoas e problemas estruturais. Não serão as ciclovias em pontos considerados hits como na Paulista – porque o fetiche da Avenida Paulista? - que vão resolver a mobilidade urbana pelo excesso de carros nas ruas – carros (!) a indústria nacional que já saturou o mercado e agora sofre com a crise política, econômica, os ajustes fiscais, o desemprego, a falta de planejamento. E os pedestres? – esses simplesmente foram esquecidos.
No Brasil falta um controle de movimentação das populações como ocorre em países desenvolvidos.
Redirecionar as ações de ocupação e exploração dos espaços urbanos, porém sem radicalismos.

O que seria uma cidade perfeita? -  Imaginem um lugar onde todos são protegidos, tem alimentação, vestuários, alojamentos e tratamento médico de alta qualidade, onde ninguém tem que trabalhar mais que seis horas por dia.
Certamente ninguém vai querer aplicar projetos pouco democráticos como os imaginados por Thomas More no século XVI – ‘Utopia’ > Lugar Nenhum, ou a conhecida proposta de Platão que cristalizava a sociedade em “reis filósofos”, o exército e o povo sem grande mobilidade social; o operário seria sempre operário; quem usava a mente não usava as mãos; impunha censura rigorosa à literatura, e a música e a poesia eram proibidas; a família era abolida e era substituída por internatos do Estado.
Outros que também trataram do assunto: 1 - a chamada “pantissocracia” de Coleridge onde todos seriam iguais. 2- Frank Lloyd Wright  >  No final da década de 1920 um arquiteto de nome Frank Lloyd Wright fez um projeto de cidade perfeita onde todos os moradores viveriam em casas funcionais em amplos terrenos anexos, em harmonia com o meio. Para ele o problema das cidades é que os cidadãos ficam escravos da renda. Prognosticava uma sociedade de trocas, pois todos os moradores teriam terras suficientes para cultivar alimentos para prover suas necessidades. Os bens e serviços seriam todos trocados e não comprados ou vendidos para obter lucro. Em um esboço da sua cidade ideal reúne edifícios integrados ao meio e como meio de transporte seriam usados helicópteros circulares...
Os alternativos dos anos 1970/80 seguiam esquema semelhante para a organização das ‘comunidades’ em busca de uma melhor qualidade de vida junto à natureza.

CONCLUSÕES: - Estamos em pleno século XXI  vivendo em cidades que não param de crescer, e, com um comportamento de trogloditas cada um defendendo sua caverna...  

Por enquanto a cidade Ideal só existe na imaginação e na teoria.  Falta aos governos e governantes uma visão de conjunto e vontade política para resolver os problemas urbanos que tendem a aumentar. Pesquisas recentes indicam o número alarmante de um milhão e seiscentas mil pessoas que se deslocarão para outras áreas empurradas por vários motivos como a violência, desapropriações para obras civis, os efeitos climáticos (secas / inundações) ou fatores naturais como a lenta, mas gradativa e irreversível mudança nas orlas marítimas pelo avanço natural do mar formando dunas, etc.