segunda-feira, 22 de junho de 2015

CARTA ENCÍCLICA LAUDATO SI’ – DO PAPA FRANCISCO SOBRE O CUIDADO DA CASA COMUM.

 – A Carta Encíclica LAUDATO Si’  do Papa Francisco  -  192 páginas  -  é um texto  abrangente numa mensagem humanitária embasada na própria história da Criação e nos ensinamentos cristãos. Não é dirigido apenas aos cristãos, mas a todos os povos, pois o tema é de interesse geral. Ressalta a falta de um planejamento comum para nossa Casa Comum que respeite não só a natureza, mas o cidadão. Apresenta o Planeta Terra como Pátria  da   humanidade como o povo que habita a Casa de Todos.  - ‘A interdependência nos obriga a pensar em um só mundo, em um projeto comum.’  Ressalta a  falta de consenso  mundial sobre as formas de atender as necessidades de alimentos, água, combustíveis – os encontros mundiais não tem respondido as expectativas de um desenvolvimento sustentável – falta de vontade política. Os países privilegiam interesses particulares em prejuízo do bem global. 

Fala que houve uma apresentação inadequada  da antropologia cristã que chegou a respaldar uma concepção equivocada sobre a relação do ser humano com o mundo. Transmitiu-se muitas vezes um sonho de domínio sobre o mundo que provocou a impressão de que o cuidado da natureza é coisa de débeis. Em troca, ele afirma que a forma correta de interpretar o conceito do ser humano como ‘senhor’ do universo consiste em entendê-lo como administrador responsável, pois  nada neste mundo nos é indiferente. Assim como o Papa João XXIII diante das ameaças de uma guerra nuclear escreveu a mensagem ‘Pacem in Terris’ (1971) dirigida ao mundo católico e a todos os homens de boa vontade, ele (Papa Francisco) quer dirigir-se a cada habitante deste planeta. O objetivo é estabelecer um diálogo com todos a respeito da casa comum.
ALGUNS ITENS ABORDADOS:
A Carta Encíclica inicia com uma referencia a São Francisco de Assis em seu louvor ao Senhor:   - ‘LAUDATO, MIO SIGNORI’ – Louvado Seja, meu Senhor – cantava São Francisco de Assis. “Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã nossa mãe terra, a qual nos sustenta,e governa e produz diversos frutos com coloridas flores e plantas’.
E prossegue: - Se já não falamos a linguagem da fraternidade e da beleza em nossa relação com o mundo, nossas atitudes serão as do dominador, do consumidor e do mero explorador de recursos, incapaz de colocar um limite a seus interesses imediatos.
Cita o Papa Paulo VI que também se preocupou com os problemas ecológicos resultado da atividade descontrolada do ser humano. E  a São João Paulo II em cuja encíclica advertiu que o ser humano parece ‘não perceber outro significado do seu ambiente natural , a não ser aqueles que servem aos fins de uso imediato e consumo’. 
Diz: ‘toda pretensão de cuidar e melhorar o mundo supõe mudanças profundas de ‘estilos de vida, de modelos de produção e de consumo, as estruturas consolidadas de poder que regem hoje a sociedade. O autentico desenvolvimento humano possui um caráter moral e supõe o pleno respeito a pessoa, mas também deve prestar atenção ao mundo natural e ‘levar em conta a natureza de cada ser e sua mutua conexão em um sistema ordenado’.
 Fala da ação do seu antecessor Bento XVI que renovou a proposta para ‘eliminar as causas estruturais das disfunções da economia mundial e corrigir os modelos de crescimento que parecem incapazes de garantir o respeito ao meio ambiente’. Lembrou que o mundo não pode ser analisado só isolando um dos aspectos, porque o ‘livro da natureza é um e indivisível’ e inclui o ambiente, a vida, a sexualidade, a família, as relações sociais, etc.’ portanto, a ‘degradação da natureza está estreitamente unida à cultura que modela a convivência humana’.
A ECOLOGIA HUMANA > o homem tem uma natureza que deve respeitar e não pode manipular ao seu gosto (BENTO XVI).  O Papa Benedito nos  propôs reconhecer que o ambiente natural está cheio de feridas causadas por nosso comportamento irresponsável.
O Papa Francisco  faz referencias  aos numerosos estudos científicos que  apontam que o maior aquecimento global das últimas décadas se deve à grande concentração de gases efeito estufa. Faz uma análise da situação critica do meio ambiente, ressaltando no item IV a Deterioração da qualidade de vida humana e a degradação social. Porém, oportunamente lembra que não é só o homem o responsável pelas alterações climáticas:  - “é verdade que há outros fatores (como o vulcanismo, as variações da órbita e do eixo da Terra e o ciclo solar)”.
No cap. II (O Evangelho da Criação) fala sobre o tema da Criação não só do planeta, mas também do ser humano. No Cap. III – ( A Raiz da crise ecologia:   a tecnologia: criatividade e poder); globalização do paradigma tecnocrático; crises e consequências do antropocentrismo moderno; - necessidade de preservar o trabalho como motor de desenvolvimento e crescimento humano; etc.
No Cap. IV – Uma Ecologia Integral: ambiental, econômica e social. Destaque para o respeito às diferentes culturas. E a ecologia da vida no dia a dia. O principio do bem comum que pressupõe o respeito a pessoa como ser humano, com direitos básicos e inalienáveis ao seu desenvolvimento integral.  
E diz: “Não se pode exigir ao ser humano um compromisso em relação ao mundo se não se reconhecem e valorizam a si próprios ao mesmo tempo  suas capacidades peculiares de conhecimento, vontade, liberdade e responsabilidade”... ‘Se se perde a sensibilidade pessoal e social para acolher uma nova vida, também se perdem outras formas de acolhida proveitosas para a vida social. ’ – propõe uma Ecologia Integral que incorpore claramente as dimensões humanas e sociais.
Em Síntese > A humanidade está convocada a tomar consciência da necessidade de realizar mudanças de estilo de vida, de produção e de consumo para combater o aquecimento, ou, pelo menos, as causas humanas que o produzem e o aumentam. Ele é claro quanto:
- o drama do imediatismo político; - os interesses econômicos de corporações transnacionais (cita as propostas de internacionalização da Amazônia); - a cultura do desperdício; - o consumismo; - o emporcalhamento do planeta – os lixões > usem e joguem fora; - tratamento do ser humano como ‘descartável’ ( do feto ao pobre); - o comportamento que ignora o papel de cada um como Criatura de Deus em sua relação com a Casa de Todos (Planeta Terra); e que  a preservação da “Casa de Todos” deve atender não só os interesses futuros, mas é preciso respeitar os direitos da geração atual; que o Trabalho é útil, necessário e indispensável como ferramenta para o desenvolvimento humano respeitando a história, a cultura e as necessidades de cada povo.
Reconhece que ‘Os textos religiosos clássicos podem oferecer um significado para todas as épocas, tem uma força motivadora que sempre abre novos horizontes {...}

- CONVERSÃO ECOLÓGICA >  Se “os desertos exteriores se multiplicam no mundo  porque os desertos interiores se expandiram” – a crise ecológica é um chamado a uma profunda conversão interior. Gozo e Paz > sobriedade no uso dos bens e paz interior – isso é uma atitude do coração.