quinta-feira, 23 de abril de 2015

"XINGU - TERRITÓRIO TRIBAL


Nota introdutória: - Nesta semana de comemoração do dia do Índio aproveitamos para postar textos  que  despertaram o interesse dos leitores do Shvoong.  Inicialmente planejamos  postar os resumos dos livros : ‘TUPI – LÍNGUA ASIÁTICA’ (Luiz Caldas Tibiriçá);  NHEENGATU – (Vocabulário Nheengatu – Vernaculizado pelo português falado em São Paulo – Língua Tupi Guarani - Afonso A. de Freitas  - 1976) e ‘ETNIAS – O INDÍGENA BRASILEIRO’. 

Na sequencia temos mais dois textos – resumo sobre os  indígenas:  - ‘XINGU – TERRITÓRIO TRIBAL’(Orlando e Cláudio Villas Boas) e – “Andarilhos DA CLARIDADE - Os Primeiros Habitantes do Cerrado” – (autor Altair Sales Barbosa – prof. e pesquisador da UCG).

"XINGU - TERRITÓRIO TRIBAL" é a visão do que é o Parque do Xingu e como é o índio da região, suas crenças, mitos, estilo de vida, segundo os indianistas Orlando e Cláudio Villas Boas:
 - O Parque possui 26 mil km², onde o índio em seu caráter nômade convive com uma fauna e flora intocada, localizada entre o cerrado, campos de várzeas do Brasil central e as florestas que marcam o início da "Hiléia Brasileira". A região tem dois tempos climáticos: o inverno (chuvas) e o verão (seca), funcionando com a regularidade de um relógio; porém o tempo cronológico não existe para o morador local - para o índio há o dia, a noite, a Lua; a contagem do tempo não interessa para nada. O rio mostra-se exuberante; caudaloso nas cheias; na vazante, amplamente povoado pelas aves migratórias (garças, jaburus, colheireiros) e nas praias há ainda os monjolinhos e gaivotas. Estas são intocáveis, pois tem alma de pajé.
Os nativos ali aldeados mantém o Totem como uma lembrança do passado.
O comportamento tribal - o índio é livre no seio da comunidade; ninguém manda em ninguém. O pajé é apenas um elo de ligação com o mundo do sobrenatural que rege a vida na aldeia. O Chefe da tribo é bom, compreensivo, conselheiro - nunca dá ordens. Há o respeito mútuo. O equilíbrio é regido pelo seu mundo mítico e mágico.
Sua arte é feita com capricho, demandando o tempo que for necessário, sem pressa. Não é preguiçoso; tem grande poder de concentração realizando as tarefas sem preocupação com o tempo.
É um observador; não um pesquisador; não é ambicioso e portanto não acumula mais do que tem para uso; dá ensinamentos profundos especialmente quanto ao comportamento dentro da sociedade.
Todo índio é auto-suficiente e sabe produzir tudo o que necessita, desde o arco e flecha, a rede, objetos de cerâmica, até a casa para morar; há uma distinção entre trabalho do homem (ex. acender o fogo, assar o peixe) e da mulher (cozinhar o peixe).
A educação das crianças da tribo é feita pelo pai - ele é a escola, não o mestre. A criança aprende vendo e colhendo a experiência do pai.
No processo de aculturação sempre demonstra mais interesse por coisas que tem a ver com sua cultura; só demonstra entusiasmo quando vê algum objeto de fabricação de outra tribo. Ele passa a se interessar e utilizar traços de outra cultura através de contatos amistosos.
Um hábito praticado diariamente até quatro vezes é o do banho; sempre que passa perto de um rio, lagoa ou fonte ele entra para se banhar.
Tradições e Valores - só o convívio para entender os valores e as tradições que repousam no mundo mágico, mítico e religioso da comunidade nativa. O pajé e o feiticeiro ou bruxo são respeitados pelo seu conhecimento do sobrenatural.
O índio é supersticioso. Acredita em um mundo eterno (Ivát), para onde vão as almas dos mortos. O Ivát é o reflexo da realidade. Quando um índio morre é enterrado com seus pertences; o arco e a flecha são colocados sobre a sepultura, pois eles servem para o morto se defender dos espíritos malignos na travessia até o paraíso. As entidades e grandes espíritos moram no Morená; destacam-se Maivotsinim (O Grande Criador) e Wakuarratáp (a Energia Suprema).
Segundo sua cultura os índios nascem com três almas. A primeira e a segunda, concebidas pelo homem e pela mulher, morrem com o homem. A terceira alma, a Yankatú é a pura essência. De tempos em tempos ocorrem batalhas entre as almas que vão para a terrível Aldeia dos Pássaros e o Falcão, Senhor da Terra. As almas derrotadas são devoradas; se vencerem transformam-se em estrela dos céus da aldeia.


Nota final: aproveito para registrar a visita do filho de um chefe de tribo à Imery Publicações (meados dos anos 80). Ele queria o livro ‘Mensagem Eterna dos Mestres’ (H’Sui Ramacheng) para presentear o filho. Disse: ‘Aqui neste livro tem todo o ensinamento de nosso povo. Padre fala, fala... mas não explica nada’. Para quem não conhece, o pequeno livro é a síntese da mais alta filosofia espiritual da humanidade!