segunda-feira, 10 de novembro de 2014

ENEM – EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO > 8,7 MILHÕES DE PARTICIPANTES.


Foi realizado mais um  ENEM – (Exame Nacional do Ensino Médio)  em todo o país para mais de 8,7 milhões de estudantes(!). Dividido em duas etapas, o primeiro dia de provas teve questões sobre Ciências da Natureza e Ciências Humanas. No domingo (09/11) foram aplicados 90 testes de múltipla escolha e a temida redação que, mais uma vez, teve como tema um assunto – Publicidade dirigida ao publico infantil - em que o aluno tem que dar sua opinião em vez de avaliar conhecimentos.

Este exame serve para que? – Para dar certificação do ensino médio? Nota para ingressar na Universidade? – Uma coisa ou outra, não essa confusão.

O comentário de pessoas que já passaram por essa avaliação, e que consideraram válida pela abrangência de alunos, também apresentou  uma critica muito séria: - Na avaliação de uma jovem, o ENEM exige muita leitura sobre atualidades principalmente, porém aquela base de que o aluno precisa para cursar um ensino superior não é levada em consideração. E como profissional, o que mais conta não são as generalidades, mas o conhecimento específico que é adquirido gradativamente no ensino através de um conteúdo básico.

Outra critica ao tipo de avaliação diz respeito ao fato de que muitas pessoas acabam ocupando o lugar de outras que tem melhor preparo, mas que ficam fora dos cursos cujas vagas acabam sendo atribuídas a pessoas sem o devido conhecimento uma vez que passam à frente com as cotas para minorias.

O ensino no Brasil foi transformado numa mistura de métodos sem método. Quando estudei e depois como professora, cada série escolar sempre teve um currículo básico com conteúdos ministrados de forma progressiva visando criar um conjunto de informações que o aluno ia assimilando gradativamente. A cada ano, novos elementos se somavam ao conteúdo básico inicial; se um aluno  está na 5ª. série, por exemplo, pressupõe-se que o professor pode acrescentar itens novos,  com maiores dificuldades a cada ano vencido pelo aluno. Daí a importância da avaliação continuada.

Os comentaristas, críticos da educação, costumam dizer que é preciso formar alunos com capacidade de avaliar, criticar, opinar e que o ensino a moda antiga não supre essa formação. E chegam  a ironizar dizendo que as aulas são transferência do que está escrito no caderno do professor para o caderno do aluno. Não concordo, pois trabalhei anos a fio com os mesmos alunos em séries diferentes podendo acompanhar a evolução de cada um. Acontece que, para o aluno poder avaliar e opinar, primeiro tem que receber a informação isenta de ideologismos. 
Ocorre que  o politicamente correto é que está sendo priorizado com prejuízo de conteúdos básicos. 
Os alunos chegam ao ensino universitário e lá enfrentam a falta de uma base – e os professores universitários tem que fazer adaptações para atender principalmente aqueles que hoje são beneficiados com as bolsas – seja quais foram. A falta de mão de obra qualificada em todos os setores é uma realidade, e ela passa por um escola de melhor qualidade.

A falta de um currículo básico é uma desonestidade para com o aluno, um entrave à melhoria do ensino e um castigo para os professores que tem que fazer milagres. E consequentemente um atraso para a sociedade. Não é por acaso que há um grande numero de pessoas com diploma universitário trabalhando em setores que nada tem a ver com a sua formação. Na verdade fica a duvida: compensa formar profissionais sem uma base só para poder dizer que se fez justiça social?

A Função primordial da Escola é a transmissão de conhecimentos básicos da língua pátria, matemática, história, geografia e ciências física e biológicas. No Brasil, sem um currículo básico, o aluno tem que se adaptar ao que lhe é apresentado como o ‘ideal’ educacional e repetir o discurso que lhe é imposto. A panaceia em que foi transformada a escola impede que ela cumpra sua verdadeira função.

Dizer que ‘estamos atrasados, mas já amadurecemos’ quando se trata de educação e democracia, é desconhecer que vivemos um retrocesso continuo em ambos os itens.