terça-feira, 18 de novembro de 2014

A VIOLÊNCIA AO ALCANCE DOS JOVENS OCORRE CADA VEZ MAIS CEDO. QUAL A SOLUÇÃO?


-“Quem não se realiza, se desrealiza”. (H. Rohden)

Violência, guerras, lutas de dominação, agressões físicas ou verbais não são exclusividade do mundo atual. A escola e a sala de aula tornaram-se palco de violência cada vez mais frequente, tanto entre os próprios jovens como em relação aos professores. As cidades, graças ao anonimato, se transformaram em  cenários de guerra, onde morrem milhares de jovens anualmente, não só no Brasil.
A educação comportamental, uma constante através da forma  difusa praticada em sociedade ou em família, além das religiões ensinando princípios éticos e morais, parece ter fracassado em setores da sociedade provocando uma ruptura comportamental. Era da soma dessas práticas educativas que decorriam  a convivência respeitosa em família, nas cidades ou entre os diferentes povos e nações.
Há normas que nascem com os indivíduos que as aperfeiçoam, ou as relegam ao esquecimento. Mas cada sociedade tem seus valores e princípios que podem ser estranhos a pessoas com outros costumes.
Numa tribo indígena, por exemplo, a educação é feita pelo grupo todo. As  crianças, além dos pais biológicos, recebem ensinamentos através da convivência com os demais adultos da tribo. E todos aprendem a ser auto-suficientes. 
Querer impor o ponto de vista civilizado a um nativo, por exemplo, pode ser contraproducente para eles que cresceram dentro de regras diferentes. Eles vivem (ou viviam) a sociedade do consenso, onde ninguém delega poderes ou recebe ordens. Temos que aprender que há outras formas de ver o mundo, de interagir, de se expressar e que devemos resgatar nossos próprios valores considerados obsoletos por alguns descompromissados com a sociedade em que vivem.

A globalização da informação e a rapidez com que as novidades chegam até os locais mais distantes desestabilizam as pessoas em sociedades outrora equilibradas dentro de seus padrões culturais. Isso gera conflitos aos seus membros que passam a  fazer comparações  tomando como parâmetro o que o outro tem e eles não tem.

No chamado mundo civilizado, o grupo familiar vem perdendo espaço. A família, desestruturada por diversos motivos, e assediada pelo Estado que insiste em substituir o poder pátrio, acabou desautorizada a corrigir e exigir dos filhos a prática de condutas antes consideradas educativas e que os preparavam para a vida.

Um jingle atual diz: ‘Criança não trabalha; criança dá trabalho; criança precisa brincar; criança precisa ser feliz... ’
– Certo! – mas o que se está oferecendo a ela em substituição às pequenas rotinas de antigamente? O que está levando aos jovens a ser tão violentos nas escolas? – Quais as motivações que levam jovens a se engajarem em grupos radicais como ocorre no mundo de hoje? E, mais uma pergunta que incomoda: - O índice de suicídios em alguns países, como na Rússia, é produto do quê? Também há noticias de aumento no índice de suicídios entre jovens indígenas...
Poderíamos concluir que há um vazio de vida que leva a mortes  de muitos jovens pelo uso de drogas, bebidas, excesso de velocidade (motos, carros – transformados em ‘armas’), da contaminação através de doenças propagadas pelo sexo, etc. O jovem em conflito interno, ao não encontrar respostas para sua existência, negligencia valores e perde a noção de si e de sua real importância como ser humano. Isso independe de etnia, classe social, poder aquisitivo, oportunidades de estudo, etc.

A sabedoria dos antigos diz: - ‘Mãos e mente desocupada é terreno para o mal se instalar. ’
Os jovens de hoje estão ‘ocupados’ (viciados) com redes sociais. No passado, fazia parte da cultura dos povos o ensino de uma profissão ao jovem, que, aos 18 anos de idade, começava a sua vida financeira independente.
Assistindo a uma entrevista com a magnífica Bibi Ferreira (Roda Viva), recordei parte de minha infância. Minha mãe (espanhola), a exemplo da mãe da Bibi, primava pela preocupação em, dentro das rotinas do dia a dia,  incluir  alguma tarefa útil ou  o estudo e leituras recreativas. Os contos infantis, inclusive de fadas, fizeram parte de nossa infância. Tudo o que aprendi nessa época tem  sido muito útil sob todos os aspectos.
Atualmente os contos, que falam à mente e a fantasia infantil, foram substituídos por leituras realista onde as crianças acabam deprimidas e desiludidas; o mundo luminoso da fantasia tão necessária à formação de sua  personalidade e crescimento como cidadão, lhe está sendo negado.
As modernidades tecnológicas são apenas matéria descartável. O que as crianças e os jovens vão levar para a vida são as experiências sadias, gratificantes que lhes permita se realizar como ser humano.

Mente sã em corpo sadio’ - um ensinamento que não perdeu a validade. E isso deve começar desde a mais tenra idade respeitando a sensibilidade e individualidade.

A tecnologia deu grandes saltos. A ciência realizou muitas descobertas e ofereceu inúmeras comodidades materiais. No entanto se esqueceu das necessidades básicas do  ser humano: disciplina com muito amor, carinho, respeito, compreensão, valorização, educação que  eleve a pessoa moral e espiritualmente dentro de seu circulo familiar em primeiro lugar.

Em resumo, o que falta é reconhecer que a criança e o jovem são  seres humanos. É só consultar o DNA. E os dotes que não são usados, deterioram.Tão simples!