sexta-feira, 9 de novembro de 2012

ALFABETIZAÇÃO - SÓ DEPENDE DE VONTADE - EM PRIMEIRO LUGAR DO PRÓPRIO ALUNO


Motivar uma criança a aprender a ler e escrever é o principal desafio da atualidade. Especialmente num mundo onde as facilidades do ‘copiar x colar’ tornou-se moda. Tenho recebido alguns e-mails e perguntas nos textos publicados no Shvoong.com que dão vontade de chorar. Demonstram uma total incapacidade de coordenar pensamentos além dos erros grosseiros de grafia. E quem tem computador não é tão pobre assim.
A meta do governo de alfabetizar todas as crianças até os 8 anos esbarra em vários problemas. Um deles é o desinteresse da criança em seguir a tradição do uso do lápis e papel para escrever – exercício esse indispensável para desenvolver a coordenação motora e estabelecer um vínculo na memorização da forma que deve ser acompanhada pelo som respectivo das letras do alfabeto. Tudo parece muito arcaico, mas é o que funciona. Não adianta querer inventar moda. O giz e o quadro negro, disputadíssimos no meu tempo de escola, juntamente com o lápis e papel, ainda são as melhores ferramentas para alfabetização; e, podem ter certeza que, até uma criança já alfabetizada será capaz de alfabetizar outra, brincando de escolinha, sem menosprezar a importância do professor em sala de aula.
O foco da educação é evidente que deve ser o aluno. É uma tolice arrematada dizer que a criança, porque é pobre, não é capaz de aprender o mesmo que uma criança rica. Poderá ter algumas dificuldades a mais, certamente; porém sua inteligência pode ser, e muitas vezes é superior à de muitos alunos provenientes de famílias mais abastadas. Terá uma linguagem menos correta, por exemplo, mas isso não significa que ele não vá aprender se tiver vontade e se esforçar. As diferenças  culturais, a nosso ver, tem maior influencia do que as diferenças econômicas. No passado – anos 40/50 – os alunos ao terminar o 4º ano primário saiam com conhecimentos para a vida: sabiam ler, escrever, resolver problemas de matemática, conheciam a história e a geografia do país entre outros como: música, desenho, ciências, civismo, religião, além de conhecimentos práticos de trabalhos manuais, artesanato, etc. A caligrafia era um desafio com caderno especial. A escola oferecia oportunidade a todos – Todos... Pois os alunos pobres recebiam além do material didático, uniforme completo e merenda escolar. Porém, nem todos frequentavam a escola; algumas famílias de outras etnias consideravam a escola ‘coisa de branco’ que não fazia parte dos seus costumes (sic). Já relatei o fato observado por nós em nossa infância quando minha mãe visitou famílias vizinhas para incentivá-las a matricular as crianças na escola. Naquele tempo não era obrigatório estudar. Os tempos mudaram muito, é verdade. Hoje a obrigatoriedade expôs um problema mais cultural do que econômico ou social. A motivação deve levar em conta em primeiro lugar o grau de dificuldade de cada aluno. Nivelar todos os alunos de acordo com a idade leva a essa mediocridade no aprendizado. O aluno que tiver dificuldade deverá receber atenção e reforço, mas nunca passar a mão na cabeça como se fosse um coitadinho só para mostrar um índice de aproveitamento escolar positivo.
O Brasil é muito grande, com grande diversidade de meios que oferecem opções distintas para uma educação de qualidade. Como motivar um aluno? Cada escola pode estabelecer metas. No meu tempo havia debates em sala entre os alunos, prêmios em espécie para quem se destacasse, além de competições para premiar frequência. Ex – sala com 100% tinha bandeira hasteada na porta; às vezes todas as portas ostentavam orgulhosamente a bandeira nacional, o que levava a aplausos e canto do hino Nacional. Uma festa! Os alunos participavam de ações sociais na comunidade. Havia muitas comemorações cívicas, religiosas, sociais hoje simplesmente ignoradas. Os alunos tinham orgulho de participar devidamente uniformizados. E hoje, quais são as motivações para eles irem à escola? Garantir um ideb? Escola deve ser um local atrativo por algo mais. Formar cidadãos para a vida! Quanto aos recursos humanos e materiais não se conseguem com discursos, mas com medidas práticas. Falta vontade política e sobra demagogia.