terça-feira, 24 de abril de 2012

SECA NO NORDESTE - IMPREVIDÊNCIA HUMANA

 

Outra vez o nordeste brasileiro é atingido por mais um ano de secas drásticas.

O chamado 'polígono das secas' é tão velho quanto a formação do continente americano e o mecanismo das massas de ar é o mesmo desde sempre. Não é uma questão de se acostumar e sofre-lhe as conseqüências.

É uma questão de se adaptar. Inteligência, ciência e tecnologia são para serem usados em benefício da população. Como vivemos a era da irresponsabilidade, tudo continua na mesma, século após século. E não será a obra faraônica da transposição do Rio São Francisco que vai solucionar o problema.

Há povos vivendo em desertos, pelo mundo afora, no limite da capacidade de sobrevivência humana, aparentando um aspecto saudável, forte, rijo – poderíamos dizer que até de felicidade, muito diferente da expressão de raiva e de desgosto estampado em muitos semblantes de alguns moradores das áreas semidesérticas nordestinas.

Creio que é uma questão cultural.

Os ambientalistas apocalípticos ainda querem pintar um quadro mais terrível para o futuro. Falam em secas, falta de alimentos, falta de água e anunciam  todo tipo de dificuldades. – Como será o amanhã?

A história dos povos conta como cada um encontrou meios de sobreviver, quando é desafiado, ele próprio, a resolver seus problemas. As comemorações da semana Santa e da Páscoa levaram os diferentes canais de TV a exibir filmes baseados em temas bíblicos. Parei para ver um. Muitas vezes eu presto pouca atenção à história que está sendo narrada, mas por força do hábito aproveito para observar a paisagem. Mesmo sabendo que, os cenários muitas vezes são cenários montados, sei que eles se baseiam em pesquisas realizadas nos locais onde ocorreram as cenas narradas e nas características da vida da época. E, lá estavam homens rudes, fortes, vivendo, lutando e sobrevivendo num ambiente hostil. Deserto! Terrenos pedregosos. Pouca ou nenhuma vegetação, água de cisternas, trabalho duro… E, que dizer dos 40 anos de peregrinação de Moisés pelo deserto conduzindo um povo rumo à terra prometida, com paradas de dois anos em cada acampamento? – Água, alimentação, alojamentos, transporte, saúde, nascimentos e mortes era a realidade do dia a dia daquele povo – e sobreviveram!

A capacidade de sobreviver e de se adaptar ao meio ambiente dos povos do deserto são uma realidade ainda nos dias de hoje. E, todos são muito mais fortes e saudáveis do que os caras pálidas das grandes cidades atuais.

Água existe em grande quantidade em lençóis subterrâneos, até nos desertos arenosos do Saara. Os moradores do Kalaari não são pessoas raquíticas e criam seu gado de forma seminômade. É do Kalaari (deserto do sudoeste da África) que partem as massas de ar cuja secura se propaga a grande altitude através do oceano Atlântico e se instalam por períodos mais ou menos longos sobre o interior do nosso país causando as secas prolongadas...

Mas, geografia é uma matéria difícil, chata, né? Com o baixo nível escolar do ensino público que atinge todos democraticamente, não precisamos de bola de cristal. O amanhã continuará sendo como o ontem e o hoje.

A ignorância e a imprevidência continuarão de mãos dadas.