terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O MEDROSO E O PODER DE UMA SOMBRA

Uma diversão de infância era a de brincar com a própria sombra alongada, ao amanhacer, enquanto caminhavamos para a escola, ou buscá-la ao meio dia com o sol a pino. Fazer figuras na parede, projetando sombras com as mãos em movimento, era diversão garantida e muita algazarra com disputa para ver quem conseguia 'engolir' a figura feita pelo outro.
Aprendi a andar no escuro, pois não havia energia elétrica na chácara onde movávamos. A iluminação era na base do 'candil' de querosene e velas no lampião. Caminhei muitas vezes à noite, às cegas, porém com segurança e sabendo por intuição onde podia ou não pisar. Não me preocupava e me dizia: 'se um cego caminha no escuro, eu também posso'... Continuo andando no escuro mesmo agora com a comodidade da luz elétrica.
Mas, voltando às sombras, lembrei de um conto ou fábula:
- Um medroso caminhava por uma rua escura quando percebeu que uma figura caminhava ao seu lado. Apressou o passo. A figura também o acompanhou. Apavorado, desandou a correr e acabou tropeçando e caindo. Fechou os olhos e a sombra sumiu. Respirou aliviado e se levantou. Para sua surpresa, a danada da sombra também se levantou e o acompanhou. Só aí é que ele se deu conta que estivera fugindo da própria sombra".
Na vida não é diferente. Sombras sempre existirão se lhes dermos vida. E elas serão do tamanho de nossa fantasia alimentada pelo medo do desconhecido;  ou simples figuras projetadas na parede como  nas brincadeiras de infância.
A ameaça de três dias de escuridão de que falam as previsões para um possível 'fim do mundo' me remetem à pergunta: - 'se os cegos andam no escuro, por que devemos temer a escuridão prevista'? - Pense nisso quando sombras o perseguirem. Feche os olhos e veja a outra luz mais brilhante que serve a todos porque usam o olho interno para ver.
Espante as sombras que o perseguem...