sábado, 10 de dezembro de 2011

QUEM SOU? - NINGUÉM SE TORNA O QUE NÃO É

“Manter acesos os faróis nas praias longínquas, mesmo para além dos horizontes visuais, é necessário para os nautas, no vasto mar da vida, não se percam nas trevas e naufraguem por entre as tempestades.” (H. Rohden).
Um desses faróis da humanidade foi sem dúvida Santo Agostinho, o pensador notável que desenvolveu as doutrinas da “Criação do Homem”, do “Pecado Original” e da predestinação do ser humano.
“Ninguém se torna o que não é, e ninguém pode vir a ser o que não é implicitamente”. – palavras de Agostinho sobre o problema da creação e da evolução do mundo e do homem. Num confronto entre o Gênesis onde Moises afirma que o mundo foi creado em seis dias e o Eclesiastes (17,1) onde Salomão afirma que o “Eterno creou tudo de uma só vez”, apresenta sua argumentação clara e lógica. Vejamos:
- “ O Universo é comparável a uma grande árvore, cuja beleza jaz desdobrada aos nossos olhos, no troco, nos ramos, na folhas e nos frutos. Não foi num ápice que tal organismo nasceu. Bem lhe conhecemos a evolução: originou-se da raiz que o germe lançou terra a dentro, e desta origem desenvolveram-se todas as formas. De modo análogo, teremos de conceber o Universo: se está escrito que Deus creou tudo de uma vez, quer dizer que tudo quanto existe no Universo estava encerrado naquele único ato Criador – não somente o céu com o Sol, a Lua e as estrelas, mas tudo que se ocultava na força germinadora dos elementos, antes que, no decurso dos períodos cósmicos se desenvolvessem, assim como está visível diante de nós nas obras que Deus crea até o presente dia. Por conseguinte, a “obra dos seis dias” não significa uma sucessão cronológica, mas representa uma disposição lógica. O homem também faz parte dessa creação em germe...” (cit. Em ‘Lúcifer e Logos’ pág. 33/34 – H. Rohden).

“Pecado é a ilusão de uma existência separada” (Ramana Maharishi) – ou nas palavras de Arnold Toynbee: “Pecado é a ilusão do ego que se julga separado do grande Todo”.
Ler tornou-se um ato desconhecido para muitas pessoas. Ler, refletir sobre o que leu já é pedir demais diante da vida agitada em busca da felicidade efêmera oferecida pelo mundo material. Bons livros são os faróis que a vida nos oferece. As tempestades da vida se fazem presentes a qualquer momento e de forma imprevista, na maior parte das vezes. É aí que muitos, instintivamente, procuram o mundo espiritual do qual vivem desligados.
Fim de ano. Tempo de festas e de reflexões. Tempo de procurar novos caminhos para a felicidade além do brilho das luzes chamativas do momento.
Sempre é bom relembrar que: - Ninguém está separado do Todo. Fazemos parte da Criação e que todo individuo tem a oportunidade de crescer, evoluir, tornar-se melhor do que era ontem.
Quem sou? - serei o que eu fizer de mim.