segunda-feira, 28 de novembro de 2011

"SERÁ DADO A QUEM PEDE" (Petenti dabitur)

A frase do ‘pedir e recebereis, procurai e encontrareis, batei e abrir-se-vos-á’ tem sido repetida como fórmula mágica para conseguir tudo o que uma pessoa deseja, através da oração.
A oração, no entanto funciona como uma correspondência que escrevemos, envelopamos e enviamos pelo correio. Se em vez de colocá-la no correio depois de pronta a correspondência continuarmos abrindo o envelope e com dúvidas sobre se a correspondência chegará ou não ao seu destino, se ela vai ser respondida ou não pelo destinatário, etc., ela nunca cumprirá sua finalidade. Assim é a oração.
O ‘pedir, o procurar, o bater’ corresponde a criar condições favoráveis a que a graça desejada se manifeste; e ela está em cada um de nós. Devemos, pois criar uma atitude de intensa receptividade, sem no entanto esperar o resultado dessa atitude – é esta a mais difícil de todas as artes. Poucos conseguem. A causa é sempre de ordem interna; sem esta sintonia as condições externas por si só não fazem milagres. Assim, ao agir de forma passiva, ao ‘pedir, procurar, bater’ nada acontecerá; de nada adiantará também usar de impulsividade e autoconfiança no seu poder de influenciar. Só aquele que cria em si condições de receptividade esvaziando seu pequeno ego, de forma humilde e singela, atrai para si a graça almejada e manifestada através da oração.
Todo segredo da vida espiritual consiste em que o homem trabalhe intensamente como se tudo dependesse do seu trabalho, e ao mesmo tempo confie em Deus, como se tudo dependesse exclusivamente da graça divina. Quem lança mão de todas as providencias humanas, e, ao mesmo tempo confia plenamente na providencia de Deus, jamais será derrotado.
Nas palavras de Pascal: “A felicidade não está em nós nem fora de nós; está em Deus, e fora e dentro de nós”. E – “Não está longe do reino de Deus” – ele está em vós. Pedi, procurai, batei – tudo vos será dado. Logo, o pedir e receber estão em vosso poder.
Como o homem é naturalmente crédulo, incrédulo, tímido e temerário vive entre dois mundos de altos e baixos a espera pelo melhor, sem se dar conta de que o mal é fácil e há uma infinidade deles, e que o bem é quase único. Tudo depende dele e de sua capacidade de humildemente se colocar sob a proteção divina sem esquecer-se de fazer sua parte.
A arte de viver começa na infância. Toda brincadeira é um ensaio para a vida. Ensinar a criança a orar é também um preparo para uma vida plena.
“O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa vem dos lábios do Senhor”. (Prov. 16-1).