sábado, 10 de setembro de 2011

A FÉ E A RELIGIOSIDADE

– O mundo se digladia por questões que deveriam unir e não dividir. A Fé e a Religiosidade são base de um convívio conflituoso desde há milênios. Tudo porque, segundo conhecimentos muito antigos, Saturno, “sabendo que o homem não podia governar o homem, sem que os seus caprichos e vaidades fizessem imperar a injustiça no mundo, não quis permitir que nenhum mortal obtivesse poder sobre seus semelhantes. Por isso deu-lhes um guia espiritual, os Espíritos e Gênios, de natureza divina, mais perfeita que a do homem”! Mas, um dia, os “Reis da Luz” se foram indignados... Eram os Reis do “Azul” (Celeste) e os da “cor de Devas”, de tez lunar. Os reis de face dourada refulgurante, partiram para a “Terra da Bem Aventurança” o País do Fogo e do Metal – terra ao norte, de onde as “águas foram varridas, absorvidas pela Terra ou desvanecidas no ar”. A Terra ficou por conta dos humanos. E, dentre os homens, foram surgindo sucessivos inventores que acabaram sendo deificados - eram os semideuses brigados pelo Carma (os Deuses)que haviam encarnado no homem. Foram confundidos com os verdadeiros deuses e cada povo adotou o ‘seu’ e passou a combater o do ‘outro’.
‘É preciso libertar-se dos falsos deuses para alcançar a auto-redenção’.
Lembro da minha infância quando em reuniões familiares, nos dias de “Santo de Guarda” como se dizia, os mais velhos sempre recomendavam o respeito a todas as crenças, pois todos eram filhos de um Deus único.
A oração estava presente no dia a dia. E, em certas ocasiões como no dia de Nossa Senhora de Guadalupe, Santa da devoção de muitas pessoas, teve na família um lugar de destaque desde que nossa avó Justa promoveu um dia de oração em agradecimento por uma graça recebida.
No ano seguinte, no dia 8 de setembro, meu avô Lauro lembrou que era bom continuar com o dia de ação de graças à Santa. Ele era muito brincalhão e disse: - Vai que a Santa se aborrece por não ser lembrada. E, assim, o dia 8 de setembro tornou-se dia de “Santo de Guarda” com a “reza da dona Justa” com o comparecimento de toda a vizinhança, que passou a dispensar convite. - Até ano que vem... – era a despedida após uma tarde de oração na sala da casa grande, diante de um altar todo florido.
Havia os rezadores e cantadores de ladainha para outras reuniões festivas religiosas. Mas, nesse dia a reza era em espanhol incluindo a ladainha. Uma beleza pela simplicidade da fé daquela gente que migrara de tão longe para encontrar num país chamado Brasil, um lar, uma Pátria e muitos amigos entre antigos moradores da região.
A reunião após as orações tinha continuidade com um farto chá de cravo, chocolate, café com leite e a distribuição de broas de cará e de milho, pães, bolos de fubá, e doces. A tarde de oração e confraternização era encerrada ao por do sol com a partida dos convivas. Repetiu-se por vários anos enquanto algum membro do grupo familiar permaneceu na fazenda Lageadinho.
Outro Santo da devoção de vó Justa era Santo Isidro (04-04). Aquele a quem os Anjos ajudavam em suas tarefas enquanto ele se dedicava às orações. Quando alguém estava preocupado com algum trabalho difícil ela dizia: - Peça ajuda a Santo Isidro que ele te ajudará.A simplicidade e a fé com que ela falava, proporcionava um conforto antecipado e tudo parecia se resolver como que num passe de mágica.
Como faz falta a beleza da fé pela fé pura e simples do antigamente. A Fé e a Religiosidade fazem um bem muito grande à alma das pessoas, desde que seja com pureza e a simplicidade do coração de quem sabe reconhecer no outro o seu irmão.